Múltipla escolha só na data da prova

Você se lembra de ter feito uma prova oral alguma vez na sua vida? Eu me lembro perfeitamente! Foi na quarta série do primário e eu estava morrrrrrendo de medo de ir mal e decorei o livro inteiro.

Mas só fui lembrar disso quando vi o trauma que os alunos argentinos de qualquer idade têm de prova, porque aqui essa modalidade é muito comum, até mesmo nas faculdades. Até prova de estatística pode chegar a ser oral! Primeiro round: uns exercícios no papel. Segundo round: defender diante de uma banca de três professores alguns conceitos e exemplos.

Provavelmente é por seguir este estilo tão cruel que dão tanta alternativa para escolher o dia da prova. Depois de cursar uma matéria, o universitário tem até dois anos para fazer a prova. A cada três meses mais ou menos a faculdade oferece uma nova data e os interessados se inscrevem. Já dá para imaginar a confusão, né?

Quem resiste a “ter mais tempo pra poder estudar melhor” (a desculpa clássica que justifica postergar até a hora que não der mais)? Até eu! Estou enrolando para fazer a prova de um curso de especialização em meio ambiente que terminei em dezembro do ano passado. E logo eu que criticava esse sistema e sempre fui “Caxias” na minha vida acadêmica.(*)

No fim, passa tanto tempo que a gente esquece a matéria e termina estudando mais ainda do que se tivesse feito a prova logo de cara. E, no meu caso, a prova nem é oral, é uma mera “múltipla escolha” (uma modalidade bem menos praticada por aqui, mas na que nós brasileiros temos PhD por causa do vestibular).

A vantagem do sistema argentino é que ninguém é jubilado da faculdade. Tem muita gente que leva a universidade por dez anos ou – bem – mais. Aliás, “jubilado” aqui quer dizer “aposentado”. Talvez seja porque quando o povo que foi deixando e deixando termina o curso já é mais ou menos hora de aposentar…

*Pra quem não é da minha época, “ser Caixias” era ser excelente aluno como Duque de Caixias, conhecido por tirar excelentes notas na Academia Militar. Aliás, os Argentinos também têm uma referência para os estudantes responsáveis, esforçados e que nunca faltam: “Sarmiento”, um ex-presidente deles.

3 thoughts on “Múltipla escolha só na data da prova

  1. Julia Nassif 30/04/2010 / 01:14

    hahah! Muito bom!
    E eles pensam que a gente é mega inteligente porque termina a faculdade com 18, 19, 20 anos né! haha
    Sabe que até hoje é dificil pra mim entender como funciona essa budega? Por exemplo, meu namorado, cursou uma matéria, fez o exame final e não passou, depois fez novamente, só o exame, e não passou, e agora, finalmente quando ele conseguiu passar nesse exame final foi com um 4,0, um quatrinho de nada! Na verdade é que eu nem quis pedir pra ele me explicar mais uma vez, porque ele finalmente passou e era melhor eu comemorar!
    Andá rendir ese final prima!!!! No te duermas!
    Beijos!

  2. Gildete 06/05/2010 / 04:39

    Sou de outra geração. Daquela que desde a 5a série, com 10 anos de idade (1960), já fazia provas orais no fim do ano de todas as disciplinas mesmo que tivesse tirado 10.0 o ano inteiro. E o pior! Tinha que tirar 10.0 de novo para não baixar a média. É claro que na 7a série já não tinha mais. Caiu por terra esse terror…
    Mas para na entrar na Faculdade de Letras, em 1967/1968, fiz prova escrita e oral de língua potuguesa , literatura e língua estrangeira a escolher – francês, espanhol, inglês.
    Mais recentemente, no concurso para ser efetiva no Departamento de Letras, Unitau, em 1994 acho, outra vez estava eu lá na prova oral. Hoje não sei mais como é…
    Por isso, lhe digo, sei bem o que é esse pavor de prova oral. E o frio na barriga, e a ansiedade antes da prova… Além de você passar por todo esse mal-estar, ainda depende do bom ou mau humor de quem vai avaliar você he… he… he…
    Nada como fazer múltipla escolha.

    E eu também adorei a cozinha argentina, já que como você prefiro fazer outras mil coisas antes de cozinhar…

    Beijosss tia Gildete

    • renatavmesquita 06/05/2010 / 04:54

      Ainda bem o sistema já tinha mudado quando chegou a minha época… hehe
      Tudo bem que é uma forma bem mais precisa de medir o que o aluno sabe, mas o aluno passa mal e fica na mão do humor do professor no dia da prova, né?
      Beijos e volte sempre!

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