Os números de 2012

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2012 deste blog. Os números me surpreenderam! 2013 que me aguarde com novos posts e blogs! Afinal já faz mais de 1 ano que estou de volta ao Brasil…

Obrigada por ler o VidaExquisita e escrever pra mim!

Aqui está um resumo:

4,329 films were submitted to the 2012 Cannes Film Festival. This blog had 19.000 views in 2012. If each view were a film, this blog would power 4 Film Festivals

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Ruído para os meus ouvidos

Prestes a entrar na sala de uma das atividades do Filba – Festival de Literatura de Buenos Aires, na semana retrasada, me perguntaram se eu queria aparelho para escutar a tradução. Entro contente, sem aparelho, para escutar minha língua-mãe porque a “charla” (palestra ou conversa, em ‘argentinês’) vai ser entre brasileiros e argentinos. Mas me decepciono porque me encontro com uma ‘portunholada’ plena. E esta vai ser só a primeira de outras várias decepções do tipo nos painéis entre conterrâneos e hermanos acontecidos nos dez dias do festival.

O desapontamento não é pelo conteúdo debatido, os temas eram ótimos e deram muito pano pra manga. Mas eu tinha que fazer um grande esforço para me concentrar no que estava sendo dito e não na forma como estava sendo dita. Como um maníaco por limpeza numa casa de pau-a-pique ou um louco por carro diante do seu para-choques todo ralado, estava eu mentalmente corrigindo todos os erros dos brasileiros que tentavam falar espanhol e imaginando quanto os argentinos, que sabem algo ou nada de português, poderiam entender o que se estava tentando dizer.

Será que não avisaram os convidados pro debate da presença dos tradutores simultâneos?

Nessa ideia de que português e espanhol são línguas irmãs gêmeas, perde todo mundo. Perde o palestrante que quer se explicar e não tem os recursos na outra língua; perde o tradutor que gasta mais neurônios pra traduzir de um “esperanto aportunholado” pro qual ele não está preparado, e perde o público que queria escutar o português. E, neste último caso, não se trata só dos brasileiros com saudade de casa, como eu, mas também dos argentinos que adoram o ritmo do português do Brasil e poucas vezes têm a oportunidade de escutar um nativo falando.

Não acho que os intelectuais e escritores brilhantes que participaram do evento tinham que saber castelhano, nem acho que os turistas têm que vir falando espanhol – aliás, me diverto muito vendo meus convidados se virando sem a minha ajuda para se entender com os locais. Mas uma coisa é uma comunicação informal, outra é estar num ambiente de debate, digamos, num ambiente de trabalho. Acho sim que seria bom ter em mente, que se espanhol e português são línguas irmãs, são irmãs que não se suportam desde o nascimento e que quando se juntam podem criar uma bela confusão

Um dedo de prosa

Peguei o ônibus e sabia que ia ser um longo caminho, apesar de não estar tão longe de casa. Eram quase seis horas da tarde e a avenida Cabildo estava tumultuada. Já comecei a maquinar como aproveitar melhor o tempo e tentei fazer uma ligação, mas sem sucesso. Logo que desliguei o homem que estava sentado do meu lado me fez uma pergunta:

– Não queria te incomodar antes, porque vi que você estava no telefone… Você sabe se a gente ainda não passou a Ponte Saavedra? Porque eu preciso descer na av. Maipú, mas não sei onde a avenida começa. É depois da ponte, né? Então, porque meu irmão disse que eu tenho que descer no 8o. quarteirão e o motorista disse que é no 10o. depois da ponte.

Até aí, nada estranho pra um brasileiro que mora no Brasil. Mas pra um brasileira que mora em Buenos Aires, a quantidade de detalhes que o cara deu me chamou a atenção. Um portenho perguntaria no máximo: “Você sabe se já passamos a Ponte Saavedra?” ou “A av. Maipú é continuação dessa?”. Pensei com meus botões que o cara devia ser do interior, porque estava mais conversando do que perguntando. No Brasil, eu não gostava muito de dar trela pra conversa no ônibus, muito menos nas minhas incansáveis viagens São Paulo-Taubaté, ou vice-versa. Mas aqui, as pessoas falam tão pouco com desconhecidos, que eu fico até animadinha quando alguém vem querendo puxar papo. Principalmente, se a pessoa me aborda de um jeito educado e parece simpática, como era o caso.

Expliquei direitinho como ia ser o caminho e ele foi contando mais sobre onde ia e porquê. O que só confirmava a minha teoria.

– Eu vim visitar meu irmão, já faz 30 anos que não moro em Buenos Aires e muitos anos que não venho aqui.

– E onde você mora? – não resisti e perguntei. Mas a resposta extrapolou minha suposição.

– No Brasil, em São Paulo, na região de Jundiaí… blábláblá

Aí tudo se explicou! Por isso eu me senti “tão em casa”. Continuamos a conversa em português. Ele também ficou feliz com a coincidência. Contou que foi com a esposa e a filha pensando em ficar 5 anos, já ficaram 30 e não cogitam voltar.

O auge da conversa, foi quando ele falou que gostava de morar no Brasil porque as pessoas são mais sociáveis. “Aqui todo mundo fala o mínimo necessário. Elas repondem com o mínimo de palavras. Eu, que sou argentino, tenho até que prestar atenção quando pergunto alguma coisa, pra não perder a resposta”, comentou. E é examente assim. E de alguma forma eu já comentei isso em outro post (Direto e reto). Pode ser que o turista não sinta a mesma coisa, porque desperta mais curiosidade nos locais e acaba lidando com gente da área de hotelaria e turismo, que costuma ser mais receptiva e comunicativa. Mas basta entrar no ônibus, no metrô ou em alguma fila em Buenos Aires para entender essa coisa cultural de economizar saliva. Os lugares em geral são mais silenciosos, porque é como se as pessoas se “reservassem” para os conhecidos – com exceção dos velhinhos que costumam buscar alguém com quem falar.

Depois de escutar de um argentino exatamente o que eu sempre achei, fiquei mais tranquila em saber que não era implicância minha. Ou será que o Alberto (antes dele descer, nos despedimos nos apresentando) só chegou à essa conclusão porque ele já se abrasileirou mais do que pode imaginar? 😉

Legalidade pra que te quero?

Se tem uma coisa que deixa um sabor amargo na minha boca e acaba com o meu humor é lidar com “buRRocracia”. Eu jamais poderia trabalhar em qualquer área que estivesse relacionada a papeleo, termo usado em espanhol pra dizer tramitação de papéis, que é mais ou menos a nossa papelada. Mas aqui, como eles usam mais papel e bem menos tecnologia do que no Brasil, existe também o verbo traspapelar, que seria perder, extraviar ou (mal-)guardar um papel ou documento.

Uma prova disso está nas fotos: acreditem se puderem, este é meu documento de “Residencia Permanente” na Argentina. Antes dele, tive que dedicar horas de fila e papeleo à “Residencia Provisoria” (que era igualmente rudimentar) e morar dois anos no país pra ter direito à “Permanente” e, de brinde, vieram vários outros trâmites burocráticos pra me enfurecer. Foram 4 anos pra conquistar isso (praticamente a tiro de canhão, lança e espada), e serão 2 minutos pra qualquer um falsificar, se quiser. Mas até agora eu não consegui o DNI (Documento Nacional de Identidade, o RG deles). E já faz 4 meses que entreguei tudo o que precisava no “Registro de Personas” – fora outra tentativa frustada que nem quero lembrar.

Esta é uma das 3 páginas do "documento", e embora esteja assinado pela pessoa aí que dá fé que viu o original, eu mesma nunca vi esse tal original

Péssima ideia de fazer tudo certinho… Decidir viver legalizada aqui é um eterno transtorno! Devia ter mantido o tradicional sistema: a cada 3 meses, quando vencia o visto de turista, eu atravessava o Rio da Prata, visitava o Uruguai, ou ia pro Brasil, em vez de pagar uma taxa em uma repartição pública.

E pensar que em algum momento eu até invejei os argentinos que têm um “documento único”. Na verdade, é um número igual de três ou quatro utilidades. O número do DNI é o número pelo qual a receita federal controla tudo (o nosso CPF) e se o indivíduo abrir uma microempresa esse será também seu CUIT (o nosso CNPJ).

"Novo DNI" que eu ainda não tenho...

Mas só no ano passado é que eles modernizaram a forma de produzir os documentos com impressão digital escaneada, foto digital tirada na hora e entrega em 15 dias (antes três meses era o melhor cenário)… Só que o  formato continuou sendo o livrinho arcaico (apesar de simpático), que todo mundo guarda dentro do cofre, porque se perder leva muuitos meses pra obter outro, mesmo no sistema novo e sendo argentino. E por isso existe a “Cédula” de plástico.

Conclusão: “Poupatempo” aqui só vai chegar no século que vem! Será que até lá vai ter chegado o meu DNI?

Abaixo a “atitude de velho”

Os números no nosso documento podem ser bem concretos, mas a velhice é mais que nada psicológica. Aqui em Buenos Aires eu fico realmente admirada com a quantidade de velhinhos que encontro qualquer dia que saio na rua. Gosto de ver que eles não se inibem pelos seus passinhos lentos, nem pela ajuda da bengala ou do andador, se preciso, e circulam por toda a cidade e mantêm uma vida social muitíssimo mais ativa do que eu costumava ver no interior e na capital de São Paulo. No Brasil minha sensação é de que as pessoas tendem a se esconder na velhice. Se enfurnam em casa, evitam lugares públicos e atividades que “já não são pra essa idade”. Como se se reunir com gente querida, passear ao ar livre, tomar um café sozinho ou acompanhado fosse restrito aos maiores de 21 anos e menores de 60. E justamente quando se tem mais tempo disponível e mais histórias pra contar!

Em Buenos Aires, ao contrário, as calçadas, os ônibus, as academias, as lojas e, claro, os cafés, são frequentados por “jovens senhoras” sempre elegantes, maquiadas, com roupa combinada, acessórios e penteados. E também pelos “jovens senhores”, verdadeiras reproduções de Gardel, geralmente com roupa social, lenço no pescoço ou cachecol. Parece que as rugas não impedem que eles continuem cuidando da própria imagem, mantendo a pose e fazendo as coisas de que gostam e que tem vontade de fazer, quando a saúde não atrapalha. No Brasil isso é raro, apesar do estímulo de familiares que querem vê-los mais animados e ativos e dos incentivos financeiros para eles saírem de casa – com transporte público de graça, ingressos mais baratos, vagas de estacionamento e filas preferenciais. Coisas que defitivamente não existem na Argentina!!

"Não interessa quanta saudade eu possa chegar a sentir da minha juventude, eu não desistiria do que eu tenho hoje pra voltar àqueles tempos." - Hugh MacLeod

Tudo isso é bastante contraditório nos dois casos. Um país tem a atitude natural, mas não as regras de convivência que beneficiem essa cultura. No outro temos as regras, mas nem assim conseguimos criar essa cultura. Será pela insegurança das ruas no Brasil, que coibe qualquer um de sair de casa? Ou será o orgulho pessoal que eles nutrem aqui? Diversas vezes eu escutei de senhores meio ofendidos que não queriam e nem precisavam do meu assento, de onde eu já tinha saído pra eles não precisarem ficar “surfando” no ônibus, trem ou metrô. Teve um até que me deu um sermão sobre os seus áureos tempos de remador profissional e o seu atual treinamento para participar de corridas. Por isso, acho que é mais fácil ver gente se levantando no ônibus e no metrô para dar lugar a crianças ou adultos com bebês do que ver alguém oferecendo o lugar para idosos. Os próprios idosos inibem as pessoas de ajudá-los. Mas não deveria inibir o governo e as instituições de implementar algumas regras, como assentos reservados e filas preferenciais – que são exclusividade de grávidas, adultos com bebês e pessoas com necessidades especiais.

Acho que, assim como um passeio por Buenos Aires à tarde – perto da hora do famoso “chá das 6h” – pode ser um grande exemplo pros brasileiros quererem postergar a “atitude de velho”, também seria interessante os argentinos conhecerem iniciativas que no Brasil existem para facilitar a vida das pessoas mais velhas. Afinal nós e eles sempre podemos aprender um pouco do outro!

Meu voto para o último colocado

No post anterior falei do primeiro lugar do meu Top 10 do que há de melhor na Argentina. Agora vou direto ao extremo oposto: escolhi o que há de pior por aqui – na minha humilde, e exigente, opinião. Acho difícil alguém adivinhar o que é desta vez, porque é uma experiência pela qual nenhum estrangeiro tem que passar. Mas morando aqui, acabei presenciando a “situação”. Meu voto de piedade, que está mais para tiro de misericórdia, vai para o sistema de votação da Argentina. 

E como 2011 é ano eleitoral aqui, acho que não tem hora melhor pra falar desse tema. A primeira vez que acompanhei meu namorado & família ao colégio eleitoral para votar tive um choque cultural: filas separadas para mulheres e filas só para homens. Acredite se puder! Portanto, eu era a única representante do sexo feminino naquela ala. Me senti numa cena de um passado muito remoto e fiquei tentada a começar uma fogueira para queimar sutiã ali mesmo.

Mas esta não foi a minha maior surpresa… Percebi que quando o cidadão se apresentava aos membros da mesa e mostrava seu documento, ganhava um envelope. Achei intrigante! O cidadão, com envelope em mãos, entrava numa sala de aula sozinho. (Esta parte me explicaram, porque, obviamente, não pude entrar:) Sobre as carteiras escolares ficam pilhas de diferentes cédulas eleitorais, que eles chamam de “boletas”. O eleitor pega as cédulas em que aparecem os nomes dos candidatos nos quais quer votar e coloca no tal envelope. E esse envelope vai finalmente para a urna (na foto ao lado dá pra ver os envelopes).

Uma das grandes questões é que como a pessoa entra sozinha na sala e fecha a porta, quem quiser enfia na bolsa ou bolso todos os papéis que tiver vontade e deixa o candidato rival sem “boletas”. Aqueles que entram depois podem não encontrar a “boleta” do candidato desejado, mas também podem não querer sair e reclamar para a mesa a falta dela, afinal, a ideia é que o voto seja secreto, certo? Também acontecem casos de troca de “boletas” por cédulas falsas (exemplo na foto abaixo), fazendo com que, na hora da contagem, esses votos sejam anulados. Um sistema no mínimo confuso, pouco confiável e até contrangedor. 

A imagem que eu tinha – e continuo tendo – dos argentinos, assim como os brasileiros em geral (tirando aqueles que são preconceituosos demais para pensar alguma coisa), é de um povo superpolitizado, engajado, leitor assíduo de jornal e tal. E por pensar dessa forma é que fiquei extremamente decepcionada com o “grande ato cívico da democracia” dos nossos hermanos. 

Não conheço muito a respeito do processo eleitoral em outros países, mas nas minhas pesquisas sobre o caso, descobri que esse mesmo sistema parece ter sido usado no Brasil até 1955 (mais de meio século atrás!). Ok, não vamos comparar com o Brasil atual que está supermodernizado e digitalizado nessa área, mais do que qualquer outro lugar do mundo. Mas me parece que o buraco é muito mais embaixo no caso das votações na Argentina… Depois de sofrer tanto com diferentes ditaduras duríssimas, a experiência democrática do voto na Argentina ainda é muito rudimentar e branda, pra não dizer frouxa. Por isso  merece o posto de pior dos piores!

Primeiro lugar no Top 10

Todo mundo começa os rankings pelo último colocado para ir criando uma certa expectativa… Mas eu já vou direto ao ponto, porque no caso das 10 melhores coisas da Argentina o primeiro lugar é inquestionável e as surpresas ficam pra outras posições. Já imaginou o que é, né? Se você sentiu de repente aquele excesso de saliva na boca e deu uma profunda suspirada, então acertou!

A carne é a parte mais suculenta da Argentina! Martelo pra amaciar e quebrar nervura nem pensar… O bife derrete na boca, seja do tamanho e da grossura que for! E aliás, aviso: nem adianta tentar fazer equivalência entre os cortes de carne dos dois países (veja os mapas de cortes que encontrei). Você não vai encontrar picanha ou filé mignon aqui. Assim como não encontra o lomo ou o bife de chorizo aí. Os nomes são totalmente diferentes porque, resumindo grossamente, se no Brasil os cortes são na vertical, aqui são na horizontal (o único que realmente coincide é o nosso “lagarto” que é o “peceto” deles).

cortes de carne vacuna
cortes de carne bovina

A diferença já começa no próprio animal. No Brasil a raça predominante é o zebu, aqui é o angus. Ou seja, o “cupim” que é aquela corcova do zebu, naturalmente nem existe aqui. Os veterinários e entendidos dizem que a raça angus faz muita diferença na qualidade do produto final, mas pra nosso azar, não “pegou” no Brasil. E eu acredito que outro grande motivo de a carne ser tão mais macia aqui está no território argentino. Quem já passou um dia em Buenos Aires caminhando sem se cansar, pode ter ideia do que eu estou tentando explicar: a maioria esmagadora do terreno é plano, reto, nada de subidas e descidas nem morros, ou seja, o gado não faz esforço, não cria um monte de fibra, não endurece a carne. Também tem os segredinhos da preparação… por exemplo: nada de colocar aquele monte de sal “pra dar gosto”, porque resseca tudo formando uma casca dura, tipo sola de sapato . Usar lenha em vez de carvão também dá um gostinho especial de defumado à peça.

Como não dá para comer carne em todas as refeições, vou terminar este post com outras sugestões de delícias argentinas, que valem a pena ser provadas – e repetidas. Para o café da manhã ou da tarde: medialunas (são os croisants e têm uma versão mais salgadinha, chamada “medialuna de grasa”, e a mais docinha, “medialuna de manteca”) e pan de miga (tipo de pão de forma, só que mais fino, consistente e sem casca). Pro almoço ou jantar: sorrentinos (um tipo de ravioli gigante, que nunca vi no Brasil) e as empanadas (um pastel assado com diversos recheios).

E pra sobremesa: panqueca de doce de leite, sorvete (Persicco, Fredo, Un’Altra Volta, Daniel, Colonial… mesmo os nomes menos tentadores podem te surpreender, não perca tempo com picolé e marcas vendidas no Brasil), e, embora não seja dos meus preferidos, o famoso alfajor (um pão de mel mais durinho e com recheio, tem de mil tipos  e marcas, portanto não se prenda ao Havanna). Com certeza, depois de experimentar uma, várias ou todas essas sugestões, esses gostinhos não vão sair mais da sua memória. Mas pros brasileiros que ficam em terras estrangeiras, mesmo com tantas gostosuras, o arroz e feijão, a coxinha, o pastel de feira, o pão de queijo, o sonho de valsa, o chocolate brasileiro e muitas outras coisas deixam saudade!