Primeiro lugar no Top 10

Todo mundo começa os rankings pelo último colocado para ir criando uma certa expectativa… Mas eu já vou direto ao ponto, porque no caso das 10 melhores coisas da Argentina o primeiro lugar é inquestionável e as surpresas ficam pra outras posições. Já imaginou o que é, né? Se você sentiu de repente aquele excesso de saliva na boca e deu uma profunda suspirada, então acertou!

A carne é a parte mais suculenta da Argentina! Martelo pra amaciar e quebrar nervura nem pensar… O bife derrete na boca, seja do tamanho e da grossura que for! E aliás, aviso: nem adianta tentar fazer equivalência entre os cortes de carne dos dois países (veja os mapas de cortes que encontrei). Você não vai encontrar picanha ou filé mignon aqui. Assim como não encontra o lomo ou o bife de chorizo aí. Os nomes são totalmente diferentes porque, resumindo grossamente, se no Brasil os cortes são na vertical, aqui são na horizontal (o único que realmente coincide é o nosso “lagarto” que é o “peceto” deles).

cortes de carne vacuna
cortes de carne bovina

A diferença já começa no próprio animal. No Brasil a raça predominante é o zebu, aqui é o angus. Ou seja, o “cupim” que é aquela corcova do zebu, naturalmente nem existe aqui. Os veterinários e entendidos dizem que a raça angus faz muita diferença na qualidade do produto final, mas pra nosso azar, não “pegou” no Brasil. E eu acredito que outro grande motivo de a carne ser tão mais macia aqui está no território argentino. Quem já passou um dia em Buenos Aires caminhando sem se cansar, pode ter ideia do que eu estou tentando explicar: a maioria esmagadora do terreno é plano, reto, nada de subidas e descidas nem morros, ou seja, o gado não faz esforço, não cria um monte de fibra, não endurece a carne. Também tem os segredinhos da preparação… por exemplo: nada de colocar aquele monte de sal “pra dar gosto”, porque resseca tudo formando uma casca dura, tipo sola de sapato . Usar lenha em vez de carvão também dá um gostinho especial de defumado à peça.

Como não dá para comer carne em todas as refeições, vou terminar este post com outras sugestões de delícias argentinas, que valem a pena ser provadas – e repetidas. Para o café da manhã ou da tarde: medialunas (são os croisants e têm uma versão mais salgadinha, chamada “medialuna de grasa”, e a mais docinha, “medialuna de manteca”) e pan de miga (tipo de pão de forma, só que mais fino, consistente e sem casca). Pro almoço ou jantar: sorrentinos (um tipo de ravioli gigante, que nunca vi no Brasil) e as empanadas (um pastel assado com diversos recheios).

E pra sobremesa: panqueca de doce de leite, sorvete (Persicco, Fredo, Un’Altra Volta, Daniel, Colonial… mesmo os nomes menos tentadores podem te surpreender, não perca tempo com picolé e marcas vendidas no Brasil), e, embora não seja dos meus preferidos, o famoso alfajor (um pão de mel mais durinho e com recheio, tem de mil tipos  e marcas, portanto não se prenda ao Havanna). Com certeza, depois de experimentar uma, várias ou todas essas sugestões, esses gostinhos não vão sair mais da sua memória. Mas pros brasileiros que ficam em terras estrangeiras, mesmo com tantas gostosuras, o arroz e feijão, a coxinha, o pastel de feira, o pão de queijo, o sonho de valsa, o chocolate brasileiro e muitas outras coisas deixam saudade!

9 thoughts on “Primeiro lugar no Top 10

  1. Rosana Vieira 18/04/2011 / 19:36

    Ah! Agora entendi rsrsr! E o chorizo aqui é aquela espécie de linguiça preta que tem nos churrasquinhos da família né!
    Fiquei com vontade de experimentar os sorrentinos!
    Beijos Rê, fica com Deus
    Rosana

    • renatavmesquita 22/04/2011 / 16:48

      Hehehe… é mais ou menos isso, Rô! O “choriço” do Brasil chama “morcilla” na Argentina. E o “chorizo” da Arg é a “linguiça” do Br… é aquela história de que português e espanhol usam as mesmas palavras, mas com sentido diferente que eu comentei no post “O Tratado de Tordesilhas do idioma“. E o “bife de chorizo” é outra coisa… é um bifão grosso, delicioso!
      Ahhh… e outra coisa importante: aqui “asado” é o churrasco, e se você quiser o nosso “assado” tem que dizer “al horno” (ou seja, no forno).
      Vem me visitar que eu te apresento um sorrentino caseiro (mas não feito aqui em casa, claro… hihi… feito numa casa especializada em massa). Beijos!!

  2. Mariana Della Barba 18/04/2011 / 21:07

    Gente, Rê, como vc sabe tanto sobre carne? To chocada!! 🙂
    Ow, mas confesso que eu pensei que vc ia falar do dulce de leche…
    bjins

    Mari

    • renatavmesquita 22/04/2011 / 16:56

      Na Argentina, a carne é tão cultural quanto o chimarrão, amiga. Quem mora aqui – querendo ou não – acaba aprendendo dessas duas coisas por osmose… hehe
      Beijosss

  3. gildete valerio 22/04/2011 / 17:04

    Oi, Rê
    Até já me deu vontade de voltar a Buenos Aires para tornar a saborear essas delícias… Realmente a carne aí é extasiante… Já estou sentindo aquele cheirinho das casas de carnes por aí, naqueles restaurantes à beira-rio…

    Beijossss

  4. Leno 20/09/2012 / 17:49

    Oi, gostaria de deixar claro que no Brasil, tem sim, criadores de raças européias, melhores, tanto e quanto as que existem na Argentina. Elas são criadas no Rio Grande do Sul, aliás, um dos povos que mais entendem de carne no mundo.

    Leno

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